Raouf Emile Sykora

Assessoria Clínica (Asclin)

Da produção à tecnovigilância

Em dezembro de 2021, completei 26 anos de Bio-Manguinhos, onde sou grato pela oportunidade de me capacitar, trabalhar e conhecer profissionais de excelência e consultores nacionais e internacionais. Ao longo desse período, pude aprender e colaborar muito nas áreas de produção de vacinas e produção de diagnóstico laboratorial, principalmente nos setores de Controle de Qualidade, onde atuei por 10 anos; de Produção de Kits Diagnóstico, como gerente de departamento por 15 anos; e de Tecnovigilância da Assessoria Clínica (Asclin), atualmente.

Também sou grato ao Instituto, pela possibilidade de ter cursado o mestrado profissional (turma de 2005), aproveitando todas as portas abertas que foram surgindo, especialmente como consultor de vários grupos técnicos, utilizando minhas expertises em diferentes coordenações e departamentos do Ministério da Saúde.

Ao rever essa trajetória, sinto muito orgulho de ter participado de marcos importantes do Instituto. Meu primeiro contato com Bio-Manguinhos ocorreu na década de 1980, em um estágio no laboratório de Produção de Vacina da Poliomielite para absorção da Tecnologia de Produção de Cultura de Células (Transferência de Tecnologia com Japão), para ser implantada no Instituto Estadual Louis Pasteur, hoje Laboratório Central Noel Nutels (LCNN).

Em 1995, então, fui convidado por João Quental, diretor de Bio-Manguinhos na época, para trabalhar no Departamento de Controle de Qualidade, com Darcy Akemi, onde tive o prazer de atuar junto à força-tarefa constituída por consultores internacionais, como George Man, na área de Produção de Vacinas Virais, e Chris Driver, na área de Vacinas Bacterianas. No Controle de Qualidade, fiz parte de várias transferências de tecnologia e implantação de novos laboratórios, principalmente do Laboratório de Controle de Qualidade de Reativos, atual Laboratório de Controle de Reativos para Diagnóstico (Lacore).

No ano de 2005, Maria da Luz Fernandes Leal, então vice-diretora de Produção, me convidou para gerenciar o Departamento de Produção de Reativos e implantar as Boas Práticas de Fabricação, aproveitando toda a expertise que adquiri na Qualidade e na gerência do Laboratório de Virologia do LCNN.

Nesse período, grandes desafios foram surgindo, desde a transferência de tecnologias, demandadas pelo Ministério da Saúde e que não foram poucas, nas plataformas de produção de painéis sorológicos, testes rápidos e moleculares, que foram absorvidas com maestria por todos os colaboradores do Departamento de Produção de Reativos, cientes da importância de termos um portfólio de excelência e de qualidade, para apoiar os programas envolvidos com o diagnóstico laboratorial de ponta.

Cabe lembrar que os colaboradores do departamento também participaram da apresentação da planta baixa do Centro Integrado de Produção de Biofármacos e Reativos, atual Centro Henrique Penna, desde a cerimônia de lançamento da Pedra Fundamental; da migração de todos os Laboratórios de Produção de Reativos, com exceção do Laboratório de Painéis Sorológicos; e da obtenção dos certificados de Liberação dos Bombeiros, de Técnico Operacional e de Boas Práticas de Fabricação.

Durante o período da pandemia da COVID-19, contribuí junto à equipe do Departamento de Reativos para Diagnósticos, para a implantação dos primeiros testes moleculares de COVID-19 (protocolos Berlim e CDC), que consistiram na primeira grande resposta de Bio-Manguinhos para a emergência sanitária. Agora, junto à Assessoria Clínica (Asclin), sigo na mesma missão de trabalhar em prol da saúde pública. Faço parte da área de Farmacovigilância e Tecnovigilância, que constrói estratégias inovadoras de detecção, avaliação, prevenção e comunicação de eventos adversos (relacionadas a vacinas e biofármacos) e queixas técnicas (referentes aos kits para diagnóstico). Com a minha experiência em diagnóstico, atuo diretamente na tecnovigilância, tendo me dedicado à investigação de 164 notificações somente em 2021, o que representa um crescimento dessa atividade no Instituto. Esse monitoramento contínuo contribui para o aumento da confiança no trabalho e nos produtos de Bio-Manguinhos.