Gestão do conhecimento: uma forma de organizar e compartilhar a história e a produção científica de Bio-Manguinhos com toda a sociedade
Sou arquivista de formação e cheguei a Bio-Manguinhos, em 2004, com o desafio de implantar um projeto de gestão de documentos, tendo como piloto a documentação da Qualidade, que, naquele ano, queria certificar a produção da vacina Haemophilus influenzae tipo b (Hib), na International Organization for Standardization – ISO 9001.
A elaboração do projeto foi patrocinada por Rita Benedetti, gestora do Departamento de Qualidade (Dequa). Como a norma da ISO 9001 pedia que adequássemos a parte de gestão documental para atender à certificação, houve um empenho do grupo liderado por Rita, em parceria com a Casa de Oswaldo Cruz (COC), unidade responsável pela preservação do patrimônio, acervos documentais e outros, para elaboração do projeto. Nessa época, o Dr. Akira Homma era diretor do Instituto, e foi ele quem conduziu, com a COC, esse trabalho para implementação da gestão de documentos em Bio-Manguinhos.
A partir de então, eu e Christiane Pereira (hoje, servidora do Arquivo Nacional), ambas arquivistas, começamos um projeto para implementar a gestão de documentos de Bio. Dr. Akira havia adquirido livros derivados de uma captação de recursos recebidos do Instituto Mérieux, e o projeto foi ampliado, com a organização desse acervo bibliográfico na sala de reunião da diretoria. Paralelamente, havia a necessidade de avaliar um acervo acumulado de documentos desde 1976, na sala do Dr. Akira, e um arquivo antigo, no prédio do Departamento de Relações com o Mercado (Derem), gerenciado pela Divisão de Serviços Gerais (Diseg). Então, realizamos todo um trabalho para organizar essas demandas, como contratar uma empresa para analisar os documentos passíveis de eliminação, os registros da história da instituição etc.
No início da coordenação do projeto, recebemos apoio do meu primeiro gestor em Bio, Maurício Zuma, do Departamento de Administração (Depad). Quando Maurício se afastou para cursar doutorado na Inglaterra, foi substituído por Elaine Yamashita, que veio do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ). Elaine entendeu a importância do nosso trabalho e lutou para oficializar, no organograma, a Seção de Gestão de Documentos e Arquivos (SIGDA), que hoje é a área responsável pela gestão documental da unidade.
Por saber da importância da explicitação do conhecimento feita pela SIGDA, Elaine me convidou para participar do grupo de Gestão do Conhecimento que a Fiocruz estava organizando, sob a liderança da Paula Xavier – na época, da Vice-Presidência de Ensino, Informação e Comunicação (VPEIC). Também fui convidada para assistir a uma palestra do Banco Mundial, que tinha desenvolvido a metodologia OKA, para saber o grau de maturidade da instituição para a gestão do conhecimento. Após a palestra, houve uma oficina sobre a metodologia e fomos criando laços com a Paula Xavier.
Em paralelo, no Plano Estratégico de Bio-Manguinhos de 2010 a 2020, uma das estratégias funcionais era a implantação de gestão do conhecimento e inovação. Então, em 2012, a Isabella Lira, como chefe de gabinete, perguntou se eu queria criar um projeto de gestão do conhecimento no Instituto. Como eu já conhecia a Paula Xavier e o pessoal da VPEIC, aceitei esse desafio, visando à realização de um trabalho em rede, com apoio da coordenação. Assim, participamos de diversas oficinas sobre a gestão da informação e do conhecimento, em uma cooperação técnica entre a Fiocruz e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), originando uma publicação, em parceria com a COC e a Coordenação Geral de Gestão de Pessoas (Cogepe), intitulada TD 2075 – Casos reais de implantação do modelo de gestão do conhecimento para administração pública brasileira: o caso da Fundação Oswaldo Cruz.
Hoje, apesar de ainda não ser uma área formalizada em Bio-Manguinhos, a Gestão do Conhecimento desenvolve uma série de ações para estimular o desempenho da organização e a promoção da inovação, por meio de práticas já implantadas ou ainda não implantadas, em Bio ou em colaboração com o Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (ICICT), a Cogepe e a VPEIC, entre outras parcerias.
As práticas de gestão da informação para produção do conhecimento científico são feitas em rede com o ICICT, a VPEIC e outras unidades. Internamente, temos um apoio ao Institute for Scientific Information (ISI), na parte de organização do conhecimento produzido (aquisição de DOI, elaboração de ISBN, catalogação no Arca etc.). Dessa forma, contribuímos e nos adequamos com a Política de Acesso Aberto ao Conhecimento e a Política de Ciência Aberta da Fiocruz, que fazem parte de iniciativas internacionais.
Além dessas práticas, há outras de identificação, disseminação, compartilhamento e retenção do conhecimento, como: parceria com o grupo de prospecção, encontros do conhecimento, representações institucionais, memória institucional (em parceria com a Cogepe e outras unidades, além de uma ação específica para Bio), projetos de mapeamento e retenção do conhecimento, projeto de implantação de uma estrutura de sigilo – informações sigilosas: Lei de Acesso à Informação x Lei Geral de Proteção de Dados do Brasil –, pesquisas institucionais e acadêmicas, apoio à elaboração de livros de Bio etc.
Enfim, o trabalho da Gestão do Conhecimento é importante para o compartilhamento do saber e da história da nossa unidade, não só para a Fiocruz como um todo, mas, principalmente, para a sociedade.