Andrea Good Lima Couto

Divisão de Finanças/Departamento de Administração (Difin/Depad)

O espírito público que nos norteia

Entrei para Bio-Manguinhos/Fiocruz, em 1982, bastante jovem, apesar de não ser meu primeiro emprego, pois trabalhava desde os 15 anos. Estou, portanto, há 39 anos no Instituto. Nossa, uma vida!

Quando passei pelo portão da Avenida Brasil e vi aquela imensidão que era a instituição, fiquei encantada e pensei: “Como isso aqui é bonito!”. Do lado de fora, não temos ideia de quão grande é o campus de Manguinhos. Desde aquela época, trabalho na administração; comecei como assistente de projeto e estou gerente da Divisão de Finanças. Éramos poucas pessoas na unidade, acho que não chegávamos a 100.

Eu sempre busquei fazer o melhor, sou muito crítica comigo mesma, mas tinha em mente que só com o aprendizado e determinação poderia evoluir. Nesse sentido, ao longo de muitos anos, tive a oportunidade de trabalhar perto do Dr. Akira Homma, uma pessoa e um profissional incrível, que me ensinou muito, não sobre coisas técnicas, por não ser a minha formação, mas como deveria ser e crescer profissionalmente. Sua palavra de ordem era “superação” e todos buscávamos nos superar em tudo o que fazíamos, pois tínhamos um objetivo claro: perseguir sempre o melhor.

Ao longo desses anos, tivemos muitas passagens marcantes, que só o amor à instituição e o compromisso com a saúde pública fizeram com que conseguíssemos alcançar os objetivos.

Nunca esquecerei a ocasião em que tivemos que, para atender a uma demanda emergencial de fornecimento da vacina meningite, pois estava havendo um surto no Paraná, juntar todos os funcionários, até de outras unidades da Fiocruz, madrugada adentro, para rotular a vacina, de forma que pudéssemos entregar dentro do prazo necessário, já que o grupo responsável por essa atividade não conseguiria dar conta sozinho.

Naquela época, em 1997, as operações eram diferentes e as exigências regulatórias eram outras. Tudo era feito de forma manual, não tínhamos os grandes equipamentos industriais que temos hoje. Assim, fomos chamados para esse desafio e, em um prazo curtíssimo, dia e noite, ininterruptamente, em pé, ao redor de mesas que existiam no antigo Setor de Estocagem e Expedição, após esperar secar, com ventilador, cada frasco da vacina que saía das câmaras frias, cumprimos o compromisso assumido, rotulamos, encaixotamos e embalamos tudo. Se não fosse o engajamento de todos, não teríamos conseguido.

Outra situação vivida foi o chamamento de toda a unidade, no início dos anos 2000, para, no Centro de Processamento Final de Imunobiológicos (CPFI), colar o monitor de temperatura, chamado VVM, nos frascos da vacina de febre amarela destinados à exportação, pois estava havendo um surto na África. Era bonito ver todos dando a sua contribuição, diretor, vice, chefe de departamento, todos os níveis hierárquicos, engajados, participaram desse trabalho para que também pudéssemos cumprir os prazos.

Não posso deixar de mencionar as nossas festas de fim de ano. Quanta saudade!! Conhecia todos os funcionários pelo nome, e até completo. Bons tempos aqueles em que, capitaneados pelo Dr. Akira, fazíamos toda a comida do churrasco (arroz, farofa, maionese etc.), cada um tinha uma tarefa e quanta alegria ao ver o resultado! Dr. Akira era o responsável pelo arroz e pela famosa caipirinha, os churrasqueiros eram o antigo chefe do Almoxarifado, nosso amigo Jamil, e o nosso homem de manutenção, o Cícero.

Saudosista!! Posso dizer que sou. A instituição cresceu muito, hoje passo por pessoas que nem sei o nome, só torço para que possam, ao longo de sua trajetória, sentir o amor que sinto por Bio-Manguinhos, minha segunda casa, e os exemplos que dei só reforçam a frase que, hoje em dia, todos dizem: “ORGULHO DE SER FIOCRUZ”.