Bio, 37 anos de aprendizados e trocas intelectuais em prol da saúde pública
Ao final do meu doutorado, em 2001, eu buscava encontrar novas oportunidades em Bio-Manguinhos, diferentes das atividades que desenvolvia no então Departamento de Desenvolvimento Tecnológico (DEDT). Assim, entrei em contato com o Dr. Albert Ko, pesquisador visitante do Instituto Gonçalo Moniz (Fiocruz Bahia) e professor da Universidade Cornell (EUA), para expor minha vontade e meu entusiasmo em trabalhar em pesquisa. Prontamente, ele me convidou a trabalhar com sua equipe em Salvador (BA), patrocinando, parcialmente, minha ida com a família, por meio do National Institutes of Health (NIH). Lá, dividi a bancada com Julio Croda (estudante de Medicina e Iniciação Científica, na época, e diretor do Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, de 2019 a 2020) e outros profissionais que, atualmente, possuem posições de destaque nos campos da saúde e pesquisa.
Após cinco meses de muito trabalho, não me adaptei em Salvador e voltei ao Rio de Janeiro, com o apoio de Albert, que conversou com o Dr. Akira Homma, à época diretor de Bio-Manguinhos (2000-2009), para que eu tivesse a oportunidade de executar minhas atividades do projeto no Instituto. No ano seguinte, fui convidado por Albert para trabalhar no laboratório de seu colaborador Dr. David Haake, na Universidade da Califórnia, em Los Angeles (UCLA/EUA), por cinco meses, com o apoio de Bio-Manguinhos.
Logo após retornar ao Brasil, em 2002, participei de um congresso internacional de vacinas, em Salvador (BA), e encontrei com Ricardo Galler, que havia recém assumido a Vice-diretoria de Desenvolvimento Tecnológico (VDTEC) de Bio-Manguinhos, e, como entusiasta da ciência, conversou longamente sobre minha pesquisa na UCLA/EUA com expressão gênica diferencial in vitro e in vivo. Ricardo apoiou totalmente meus projetos de pesquisa no Instituto e, dois anos depois, convidou-me para chefiar o Laboratório de Tecnologia Recombinante (Later). Então, apresentei uma proposta para a reestruturação do Later, no segundo andar do Pavilhão Rockefeller, que foi aprovada pela direção, com o objetivo de montar um laboratório para produção de proteínas recombinantes, com estrutura da clonagem, sequenciamento, downstream e upstream em escala de bancada, de modo que todos os protocolos pudessem ser escalonados, além da estruturação de plataformas de expressão de proteínas e sequenciamento para atender aos projetos da VDTEC.
Esse laboratório foi construído e supervisionado diretamente por mim, desde o conceito até a sua operacionalização. Esse projeto só aconteceu por causa do total apoio da VDTEC, nas figuras de Ricardo Galler e Isabella Lira, que trabalhava na atual Gerência de Projetos (Gepro) e coordenava o projeto da Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico em Saúde (Fiotec), que financiou a construção, a montagem e a operacionalização do Later.
Por tudo isso, sou especialmente grato aos doutores Albert Ko, Ricardo Galler e Akira Homma, que acreditaram em mim e apoiaram minha evolução profissional. Aos jovens colegas, deixo a mensagem que sou a prova viva de oportunidades de crescimento em Bio-Manguinhos. Cheguei ao Instituto com 18 anos de idade, para trabalhar em um cargo que exigia apenas o segundo grau incompleto, mesmo já cursando a graduação em Biologia, mas, com dedicação e perseverança, as oportunidades de crescimento surgiram. São 37 anos de trabalho na instituição, com o mesmo comprometimento e carinho.