Mariza Cristina Ribeiro Lima

Coordenação Tecnológica (Cotec)

Implantando o Centro de Produção de Antígenos Virais, garantia do PNI

Entrei em Bio-Manguinhos no auge dos meus 23 anos, recém-formada em Biologia. Iniciei minha carreira profissional atuando na transferência de tecnologia do sarampo, do Japão para o Brasil, em 1981, e, depois, passei a gerenciar o projeto de transferência de tecnologia da vacina tríplice viral.

O projeto da vacina sarampo foi meu primeiro grande trabalho em Bio. De 1988 a 1998, chefiei a produção de vacinas virais; na época, a unidade era pequena, com, aproximadamente, 200 funcionários, e a equipe da produção era conhecida como “família sarampo”. Nosso compromisso permanente era produzir as doses necessárias para atender ao Programa Nacional de Imunizações (PNI).

O processo de transferência de tecnologia foi marcado pela intensa troca de conhecimentos entre peritos japoneses, que trabalharam durante todo o processo em Bio-Manguinhos. A convivência com os japoneses foi uma experiência enriquecedora para os dois lados. Às vezes, falávamos por mímica, pois eles não entendiam inglês.

Em 2003, a vacina sarampo monovalente foi descontinuada, sendo substituída pela tríplice viral, que combate, além do sarampo, caxumba e rubéola.

Pela experiência adquirida com essa transferência do sarampo, passei a responder pela transferência da vacina tríplice viral, na cooperação entre a GlaxoSmithKline (GSK), da Bélgica, e a Fiocruz.

A partir de 2004, foram iniciadas a assimilação da tecnologia e o processamento final da vacina em Bio-Manguinhos. Participei da implantação do Centro de Produção de Antígenos Virais (CPAV), unidade de produção que garantiu ao Brasil o atendimento integral à demanda do PNI por vacina tríplice viral, demonstrando o papel crucial do Instituto em relação à autossuficiência nacional nesse setor.

Desde a criação do Instituto, muita coisa mudou. Eu vivenciei o crescimento – tanto em número de colaboradores quanto de infraestrutura –, os novos produtos, os investimentos cada vez maiores e outras transformações. Hoje, a unidade conta com equipamentos de ponta, investimentos em adequação de áreas e construção de novos centros.

Tenho orgulho em dizer que cada criança brasileira imunizada contra sarampo, caxumba e rubéola carrega consigo parte de meu trabalho.

Trabalhar mais de 40 anos no mesmo lugar é cada vez mais raro, porém um motivo foi suficiente para me manter por tanto tempo: o amor a Bio-Manguinhos/Fiocruz.