Paulo Maurício Schueler da Encarnação

Assessoria de Comunicação (Ascom)

A vacina da informação

Em 2013, buscava novos desafios profissionais e me inscrevi em um processo seletivo para trabalhar em Bio-Manguinhos. Até o momento de ir pesquisar na rede sobre a instituição, para me preparar para a etapa da entrevista, nunca tinha ouvido falar do Instituto. Desde o início, isso me intrigou e motivou: se “todos têm um pouco de Bio”, por que – naquele momento – tão poucos sabiam disso?

Nesses pouco mais de oito anos em que trabalho em Bio, recebi muito daquilo que buscava… desafios! Uma tríplice epidemia de zika, dengue e febre chikungunya, surtos de febre amarela, em Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, a reintrodução do sarampo e uma pandemia de COVID-19 foram enfrentados não apenas com o desenvolvimento e oferta de produtos, mas também com a disseminação de informações qualificadas, cientificamente comprovadas, que colaboram para a promoção da saúde.

A esses grandes momentos – como nossa memória é seletiva… – somam-se outros, igualmente críticos, mas de menor duração. Como quando nosso campus em Manguinhos recebeu um indivíduo com caso suspeito de ebola. Não foram poucos os telefonemas e mensagens de parentes e amigos perguntando se eu trabalharia naquele dia.

Há o caso, ainda, das visitas institucionais, que demandam planejamento e sempre trazem a necessidade de calcular o “porvir”: qual o registro? Chama-se imprensa? De que assessoria sairá a divulgação?

Participei de reuniões que definiram isso, para presidente da República – e candidatos a –, uma diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) – mais de uma vez, no Instituto e em evento da Rede de Produtores de Vacinas dos Países em Desenvolvimento (DCVMN, na sigla em inglês) –, a comissária da Organização das Nações Unidas (ONU) para Direitos Humanos, ministros da Saúde e outras autoridades. Quanto trabalho… Minhas colegas da área de eventos na Assessoria de Comunicação que o digam de forma mais detalhada.

“A vacina da informação”, como eu gosto de descrever o nosso trabalho diante de qualquer interlocutor, pode ser traduzida em diferentes linguagens e plataformas: releases, notas e entrevistas para a imprensa; posts em redes sociais, conteúdos em nosso site institucional são imunobiológicos contra o vírus da desinformação e das fake news.

Foi gratificante colaborar para a criação e definição de linhas editoriais desses nossos meios de comunicação, e acompanhar milhares – sim, alcancei a marca de milhares – de atendimentos à imprensa.

Tenho a certeza de que hoje mais pessoas sabem que têm um pouco de Bio dentro delas, e me orgulho de meu trabalho ajudar nesse reconhecimento. O fato do meu filho de oito anos ter passado o último ano dizendo a todos que conhece que “meu pai trabalha na fábrica da vacina” é só o suprassumo desse orgulho.

Esse reconhecimento se traduz em mais responsabilidade, em novas demandas. Somos instados a responder cada vez mais dúvidas em nosso Serviço de Atendimento ao Cliente (SAC), os pedidos para visitar nossas instalações e registrar se avolumaram.

Nossa responsabilidade com a comunidade da Fiocruz também: agradeço a experiência de ter participado de reuniões e projetos de grupos de trabalho, fóruns de assessores, câmaras técnicas e demais fóruns que ajudaram a Fundação a instrumentalizar e monitorar o trabalho de suas assessorias de comunicação.

O ponto alto, sem dúvida, foi ter feito parte dos debates sobre a política de comunicação da Fiocruz, que defende o direito de os cidadãos receberem, da instituição, informações que colaborem para a promoção da saúde.

E, aqui, abro um parêntesis antes dos “agradecimentos finais”: essa oferta de informações é necessária e aproxima o público ao gerar confiança. É o que conseguimos com o uso da dose fracionada da febre amarela, é o instrumento que nos permitirá vencer os antivacina e colaborar para a retomada das altas coberturas vacinais.

Tudo isso não seria possível sem o compromisso dos profissionais que colocaram essa instituição de pé, alguns dos quais tive – e tenho – a oportunidade do aprendizado e da troca. Agradeço a todos e, para não cometer injustiças, cito apenas dois: Dr. Reinaldo, saudades das nossas conversas sobre astronomia na copa do Departamento de Relações com o Mercado (Derem), da sua disponibilidade de estar às 5h30 da manhã já na rua para conceder entrevistas e por me tratar sempre com a sua calma. A cada conversa, um conhecimento novo! “Mestre” Akira, obrigado por sua garra, como afirmei anteriormente: eu fui uma das crianças que na década de 1980 tomou as vacinas contra sarampo e pólio que o senhor tanto buscou produzir aqui.