Atuação em todas as etapas do processamento final
Foi aos 20 anos de idade, no dia 01 de março de 2000, que iniciei minha jornada em Bio-Manguinhos, ao passar pelo processo seletivo para a área da atual Divisão de Rotulagem e Embalagem (Direb), no Departamento de Processamento Final. A vaga era para aumento de quadro, e o cargo era de auxiliar de produção, no horário das 15h às 24h.
A atividade era a ponta da cadeia, a última etapa do processamento final antes do envio do lote para a expedição. Eu gostava de atuar nessa área, mas queria aprender do início ao fim do processamento final de vacinas e diluentes. Com esse pensamento, fui buscando conhecimento e formação.
Aprendi as atividades de outras áreas do departamento durante meus tempos vagos (intervalo de almoço ou quando estava sem programação de embalagem), além de iniciar o curso técnico em análises clínicas, para me habilitar à função de técnico. Dessa forma, consegui adquirir conhecimento sobre as atividades das áreas de lavagem e montagem de material, etapas de liofilização, recravação, revisão e lavagem dos frascos para a etapa do envase.
Um fato marcante, para mim, foi quando levei meu filho recém-nascido para tomar a vacina Haemophilus influenzae tipo b (Hib), no posto de saúde, e, após ele ser vacinado, pedi à enfermeira para ver o frasco e verificar o lote. No histórico, percebi que era um lote do qual participei de grande parte da cadeia de processamento final, ou seja, participei da liofilização, atuei na recravação e revisão, rotulagem e embalagem. Foi muito gratificante e me deixou orgulhoso, porque vi a grandiosidade do trabalho que eu fazia sendo aplicado, imunizando o meu filho e tantas outras crianças.
Devido ao crescimento da demanda na produção, surgiu a necessidade de abrir mais um turno de trabalho na Seção de Rotulagem e Embalagem (Serot). Então, no segundo semestre de 2002, o gerente da fábrica na época (Sérgio Dias) me fez uma proposta para ficar como responsável por esse novo turno, que funcionaria à noite, na escala 12×36. Aceitei a proposta e ali seria o início da minha experiência como líder de equipe. Além desse desafio, no ano seguinte, iniciei a faculdade e, mais tarde, obtive o título de biólogo, do qual me orgulho muito.
Foram seis anos trabalhando à noite e me dividindo com os estudos. Nesse período, evoluí muito, pois foram dias intensos à frente de uma equipe com faixa etária acima da minha. Trocamos muitos conhecimentos e, hoje, encontro colegas daquela época desenvolvendo com maestria suas atividades em outras áreas. Sinto orgulho em saber que, de alguma forma, contribuí com o desenvolvimento de tantos colegas durante esse período.
Quando me formei, busquei sair do turno da noite, pois queria e precisava colocar em prática todo o conhecimento adquirido. Conversando com minha gestora direta na época (Isabella Maluf), recebi a oportunidade e outro grande desafio de trabalhar, finalmente, com a etapa de envase na Seção de Vacinas Líquidas (SEVLQ), onde atuei por longos oito anos, com muito orgulho, conhecendo pessoas e processos novos. Produzíamos a vacina contra Hib e a alfaepoetina, um biofármaco recém-introduzido no portfólio de Bio, em um maior volume em comparação ao primeiro produto. Era uma produção com média diária de 140 mil frascos, divididos em dois lotes.
Após concluir a faculdade, fiz a especialização em Tecnologia Industrial Farmacêutica e, em seguida, prestei o concurso para uma vaga (a única ofertada para o perfil), conseguindo me classificar como o primeiro colocado. Ingressei, então, no quadro dos servidores de Bio-Manguinhos, em 2011.
Após minha passagem pela SEVLQ, fiquei seis meses na Seção de Vacinas Liofilizadas (SEVLI), um pouco mais de três anos na Seção de Envase de Diluentes (Sedil), voltei para a SEVLQ por mais um ano e, em janeiro de 2021, iniciei na Divisão de Envase – Pavilhão Rockefeller (Dieva-PRF).
Sem querer diminuir a importância e o desafio das minhas experiências anteriores, a área em que estou atualmente me proporciona uma experiência única, pois atua diretamente no combate de uma pandemia, a única até o momento que afetou o nosso país. Na Dieva-PRF, envasamos mais de 88 milhões de doses.
Só tenho a agradecer a Bio-Manguinhos e a todos os meus gestores diretos e indiretos, colegas, conselheiros e amigos, pelas oportunidades, conselhos, puxões de orelha e ensinamentos.