Ricardo Lopes

Departamento de Processamento Final (DEPFI)

O início das operações no CPFI e a ampliação da capacidade da vacina febre amarela

Trabalho há muito tempo em Bio-Manguinhos, sempre na área de produção. Quando ingressei, fiz um pequeno estágio na Central de Envasamento e Liofilização, hoje Divisão de Envase – Pavilhão Rockefeller (Dieva-PRF). Sérgio Dias, que era o gestor, identificou meu perfil como adequado para desenvolver bem nessa área, até porque eu havia trabalhado em produção, anteriormente.

Assim, em 1996, iniciei minhas atividades no Centro de Processamento Final (CPFI), embalando ampolas da Sandoz, na máquina Bosch, com a Maria José (responsável pela linha) e, também, com o Lula, quando havia somente essa linha na unidade. Após trabalhar na revisão, tornei-me chefe do diluente. Na época (1996/1997), Bio-Manguinhos tinha 250 funcionários. Das vacinas liofilizadas, só produzíamos as de sarampo e febre amarela, e o Mario Moreira liderou alguns movimentos para o Instituto se modernizar.

No CPFI, havia três grandes linhas de envase – B+S, Bosch e ampolas –, e começamos a rodá-las com diluentes, que ficavam sob a minha responsabilidade. Lembro que eu entrava para envasar, ligava as máquinas, apertava o botão “iniciar”… Eu liguei todas essas máquinas pela primeira vez para rodar e fiz os primeiros lotes em todas as linhas/máquinas. E isso me marcou muito, porque era a primeira vez que aquilo tudo, efetivamente, funcionava, e era eu, com meu grupo, quem estava colocando em produção. Esse foi um marco importante para Bio-Manguinhos, que contou, inclusive, com a presença de ministro para assistir ao momento importante e estratégico para o sistema de saúde. A área teve pedra fundamental, inauguração da obra, mas, de fato, esses lotes iniciaram a produção – e, para isso, enfrentamos muitos desafios.

Anos mais tarde, já como chefe da Dieva-PRF – a qual era a única unidade operacional pré-qualificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para a vacina febre amarela – , pude desenvolver e aplicar um trabalho com orientação do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ), pelo MBA de Bio-Manguinhos (MBBio), para ampliação da capacidade, o que a elevou rapidamente em 50%. Dessa forma, atendemos às demandas dessa vacina para a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e a OMS. Tempos depois, essa ampliação também foi fundamental, pois possibilitou atender ao surto de febre amarela, no Brasil, em 2016/2017.

Essas histórias sempre vêm à minha mente, pois têm vários anos e são motivo de orgulho; guardo-as de maneira muito especial. Afinal, participei do começo do CPFI e de forma ativa nos surtos da febre amarela; tive o prazer de fazer parte dessa história. Havia poucas equipes e a minha área foi desbravando e resolvendo os problemas… Tudo começou com testes e com muita vontade de resolver. Então, cada máquina que a gente colocava para operar e, assim, produzir vacinas para a população era uma conquista!