40 anos de Fiocruz: muitos desafios e admiração por Bio-Manguinhos
Minha história com a Fiocruz iniciou-se em 1981, quando vim fazer estágio no setor de Patrimônio. Desde então, desenvolvi um interesse e uma curiosidade por Bio-Manguinhos, que se tornaram admiração e vontade de trabalhar na unidade. Nessa época, havia muita doação de equipamentos e foi ali que comecei a entender um pouco mais do funcionamento da instituição e a criar meu trajeto profissional, traçar meu caminho como administrador, como profissional de logística.
Em vários momentos, tentei vir para o Instituto, mas, por muitos motivos, não acontecia. Quando estive na administração central da Fiocruz, recebi um convite para atuar em Bio, porém, por interesse da administração, fui deslocado para o Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos), onde fiquei por quatro anos até retornar para a administração central.
De 2001 a 2003, fui cedido à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em Brasília, onde adquiri novas experiências e, em 2003, fui convidado para atuar na Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico em Saúde (Fiotec), estruturando alguns de seus processos, especialmente na área de logística. Esse foi meu passaporte para Bio-Manguinhos e, no final de 2003, surgiu a oportunidade de realizar meu sonho. O desafio inicial era montar uma espécie de escritório da Fiotec em Bio, aportando o conhecimento dos processos de compras e agilizando as aquisições. Foi feito um primeiro escritório e, depois, outro maior, que foi descontinuado pela Fiotec, que centralizou todas as operações em sua sede, localizada no prédio da Expansão. Esse trabalho rendeu diversos frutos para Bio, tais como a contratação do sistema de refrigeração do Centro Henrique Pena, através de financiamento do BNDES com os recursos disponibilizados na Fiotec e a primeira contratação do sistema de gestão ERP da TOTVS.
Houve, também, alguns eventos curiosos, como o dia em que fui chamado para apoiar o transporte de vacina de febre amarela para a Bolívia. Havia uma peculiaridade nesse transporte, pois o avião em que normalmente mandávamos nossa carga de vacinas era de carreira, que parava em uma cidade ao nível do mar, porém, devido à altitude e ao peso da carga, não poderia pousar em La Paz, local acordado para a entrega. Iniciou-se, então, uma operação de partilha da carga, com o fretamento de dois aviões menores capazes de pousar em La Paz para que a entrega pudesse ser feita.
Outro momento inusitado foi quando enviamos vacina para a Colômbia. Chegando a Bogotá, havia a necessidade de aguardar uma autorização para seguir, visto que o trajeto até o destino final atravessava uma área dominada pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). Era necessário todo um cálculo cuidadoso da validade e integridade da carga, de forma a preservá-la até que tivéssemos a autorização do governo local para continuar a viagem e entregar as vacinas com segurança.
Já fui chamado para ajudar até durante a festa junina, que acontecia no estacionamento do (Pavilhão) Rocha Lima. Tínhamos um contrato com uma empresa que negociava, com as companhias aéreas, espaço nos voos para transportar as vacinas para América do Sul, América Latina e África, e havia uma carga a ser enviada ao Paraguai. A empresa, inexperiente com esse tipo de carga, não conseguiu manuseá-la adequadamente e fui chamado ao Departamento de Relações com o Mercado (Derem). As nossas lideranças estavam reunidas com o grupo da TAM, pois o voo estava com a área de bagagens lotada e as vacinas só seriam enviadas no dia seguinte. Fui negociar o embarque, convencendo a companhia aérea a deixar as bagagens dos passageiros para o próximo voo e carregar as vacinas naquele mesmo dia.
Ao longo do tempo, fui ampliando minhas experiências em Bio. Nesses 18 anos na unidade, tive como maior desafio da minha carreira ser chefe do Departamento de Engenharia e Manutenção (Depem), de 2014 a 2017. Encontrei uma área com a moral abatida, em um momento em que estávamos sem o certificado de Boas Práticas de Fabricação (BPF). Eu não tinha conhecimento técnico de engenharia, porém consegui mexer com as pessoas, motivando e mudando a visão que se tinha do departamento.
Tenho orgulho de meu caminho profissional e um orgulho maior ainda de pertencer aos quadros de Bio/Fiocruz. Por último, não poderia deixar de agradecer pelo cuidado, carinho e apoio que recebi quando enfartei em 2019. Naquele momento, percebi quantos amigos tenho aqui, quantas mensagens de força… Todo esse afeto foi extremamente importante para mim!