Bio-Manguinhos: uma oportunidade de aprendizado e transformação
Desde que iniciei no mercado de trabalho, sempre tive uma certeza: “Quero fazer algo que o ‘cara lá de cima’ tenha orgulho de mim! Ser útil de verdade para a humanidade!”. Isso sempre me moveu!
Nas idas e vindas da desafiadora universidade da vida, acabei me interessando por auditoria e lá estava eu, na Universidade Veiga de Almeida, na cadeira de Ciências Contábeis. Já no 2º período, surgiu uma oportunidade na então Diretoria de Administração do Campus (Dirac), atual Coordenação-Geral de Infraestrutura dos Campi (Cogic) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e minha surpresa foi descobrir que, nos arredores do Castelo, visto de longe na Avenida Brasil, havia muito mais do que árvores.
Em 2012, participei de um processo seletivo para acompanhar a regularidade fiscal e trabalhista do Centro Administrativo Vinicius Fonseca e, desde então, venho agregando desafios, conhecimentos e lições em uma engrenagem diária e viciante de conhecer e reconhecer o que move a instituição. Cheguei a Bio-Manguinhos deslumbrada com o parque industrial, a proposta dos serviços, da missão, da visão e dos valores, e a apavorante “sopa de letrinhas”, que, para mim, resumiam tudo o que eu precisava como oportunidade de colocar em prática o que me movia desde menina: trabalhar em algo que pudesse ser útil de verdade para a humanidade!
Tenho oportunidades ímpares de aprendizagens trabalhando com Armando José de Aguiar Pires, Marcos Henrique dos Santos Silva, Robson Rodrigues Silva, Marcos Antônio Raimundo Abrahão, entre outros, como minha mentora Rosa Tebicherane, porque, enquanto rotinas de Recursos Humanos eram colocadas em prática por ela, no Departamento de Engenharia e Manutenção (Depem), fui aprendendo e me apaixonando por seu exemplo de profissional. E, se hoje me formei em Recursos Humanos com dedicação e amor às pessoas que vão além de números contábeis, ela foi a mentora. Porque estar aqui em Bio me preenche naquilo que eu sonhava desde muito menina – ser útil de verdade para a humanidade –, só que, agora, tendo a oportunidade de olhar cada colaborador com um pouco mais de conhecimento de “recursos humanos” é, no mínimo, um exercício diário de gratidão e aprendizagem contínuas.
Enquanto tudo isso acontecia, a COVID-19 chegava ao Brasil, e a aflição do desconhecido era algo nos olhinhos de todos. Nós não podíamos simplesmente nos recolher à inércia e deixar que a onda passasse… Era preciso furar a onda com foco, garra, determinação, compromisso e superação, porque lá fora as pessoas confiavam em nossa capacidade, em uma solução nossa, em uma tábua de salvação para agarrarem com esperança. E poder enxergar tudo isso com olhar treinado para os Recursos Humanos, como Fiocruz e Bio-Manguinhos, por trás das cortinas da mídia, é algo que foi além do que eu poderia tentar colocar em palavras aqui. Indescritível e ao mesmo tempo calada pelos inúmeros nós na garganta que tive cada vez que o ônibus corporativo cruzava os portões e via, no lugar do campo de futebol, um hospital com total infraestrutura construído em tempo recorde e carros do Instituto Médico Legal (IML) estacionados ao lado de fora. Sim, é triste… Mas não dava para baixar a cabeça, ter medo ou nos entregar ao caos lá fora. Era preciso algo a mais de cada um aqui dentro, e foi muito, muito, muito maravilhoso poder fazer parte dessa dedicação, comprometimento e superação individual de todos!
Tínhamos dias bem difíceis, porque não bastavam apenas os números nos assombrando. Não podíamos ser fracos porque a humanidade contava conosco!
Então, em um desses dias bem difíceis, precisei ir presencialmente a uma agência bancária e, na fila, como em todas as filas, havia pessoas falando sobre tudo o possível, mas o maior foco era a COVID-19, a “Convid” (sim, falavam assim), o monstro etc.; pude presenciar pessoas muito pessimistas serem silenciadas pelas palavras de um único senhor:
“O mundo já está um caos e a gente precisa cada um fazer um pouquinho a nossa parte! Sair da zona de conforto e olhar querendo enxergar! Visitem as ruas do centro da cidade, quando puderem, para ver famílias inteiras amontoadas em uma cabana, pensem nos médicos que estão se superando para manter muitos respirando, nos milhares de trabalhadores daquela fábrica de vacinas lá na Fiocruz, e isso inclui todos os cientistas, técnicos de manutenção etc. saindo para trabalhar todos os dias e deixando suas famílias para que nós possamos ter esperanças e retornar à vida! Será que tudo que vem acontecendo não serviu para enxergarem que muitas das coisas acontecem justamente para reconhecermos o quanto temos e o quanto podemos ser?!”
Meus olhos marejaram e não consegui me conter. Só pude falar-lhe: “Muito obrigada! Porque eu faço parte dessa fábrica de vacinas que o senhor acaba de exaltar – que se chama Bio-Manguinhos, senhor!”.
Então, se for pelo aprendizado, pelo desenvolvimento, pela superação ou transformação, continuarei inspirada, me superando e me transformando para ser melhor como e para cada pessoa… Porque os sonhos, a vida e o tempo não merecem nada mais do que meu amor em tudo que faço.
Nascida no mesmo ano em que Bio-Manguinhos foi criada, comemorando meus 45 anos com essa respeitada instituição, sigo feliz e orgulhosa por poder estar aqui. Sigo olhando no fundo dos olhos enxergando pessoas… Sigo em silêncio e observando… Sigo aprendendo e me transformando, porque o mundo, para nossos filhos, netos, aquelas pessoas nos ônibus lotados lá fora, precisa de nós, Bio-Manguinhos!