Rodrigo Müller

Laboratório de Experimentação Animal (Laean)

Grato por colaborar não apenas com Bio-Manguinhos, mas também com toda a população brasileira

Desde criança, visitei muitas vezes o belo Castelo Mourisco, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que eu chamava de “Castelo do meu pai”, Carlos Alberto Müller, por ser o seu local de trabalho até a aposentadoria.

Em 1996, aos 16 anos de idade, tive a oportunidade de conhecer a Fundação, como aluno do Colégio Pedro II, por meio do Programa de Vocação Científica (Provoc), da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, e vivenciar por dois anos o que era pertencer a essa instituição. Tempos depois, em 2005, graduei-me em Medicina Veterinária e consegui realizar meu grande sonho de retornar à Fiocruz, onde estou até hoje.

Desde então, abraço todas as oportunidades que Bio-Manguinhos me proporciona. Em 2007, cursei o Mestrado Profissional, oferecido pela unidade, e, em 2012, o MBA em Gestão Industrial em Imunobiológicos, em parceria com o Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppead/UFRJ). Foram experiências inenarráveis de conhecimento e crescimento profissional.

Em 2020, com a chegada da pandemia da COVID-19 e o estabelecimento do lockdown, no Brasil, fui chamado para compor uma “força-tarefa” na instituição. Naquele momento, foi iniciada a operacionalização da nova Unidade de Apoio ao Diagnóstico, que estava sendo criada em ritmo extremamente veloz, com o objetivo de aumentar a capacidade de diagnóstico para COVID-19, em assistência aos Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacens), que estavam com dificuldades de realizar essa demanda em um volume tão grande.

Todos nós estávamos engajados e, ao mesmo tempo, vivendo as incertezas e o medo da contaminação e da disseminação do vírus para nossas famílias. Recebíamos amostras com alta carga viral e tínhamos capacidade analítica de até 552 amostras por plataforma, por dia, contando com 11 equipamentos de extração e 17 equipamentos de Proteína C-reativa (PCR) para detecção. Foi um momento muito marcante, para mim, pois tinha a certeza de que estava colaborando não apenas com Bio-Manguinhos, mas também com toda a população brasileira. Tivemos a capacidade de processar, aproximadamente, 130 mil amostras, de abril a setembro de 2020, quando a equipe foi desmobilizada, após a inauguração da unidade de apoio da Fiocruz. Hoje, o espaço é utilizado para apoio à produção da vacina COVID-19.

Em paralelo a esse cenário, surgiu a necessidade imediata de se criar um laboratório de alta contenção, de nível 3 de biossegurança animal, no Laboratório de Experimentação Animal de Bio-Manguinhos (Laean). Tive a missão de participar das adequações de engenharia, para iniciar a operacionalização, em tempo recorde de oito meses. Essa velocidade de implantação tinha como objetivo dar apoio aos projetos que precisavam passar pelas etapas pré-clinicas para o desenvolvimento de uma vacina contra a COVID-19, como, por exemplo, a vacina de subunidade, que está sendo desenvolvida pelo Instituto.

Sou extremamente grato a todos os desafios que Bio-Manguinhos me proporciona, além das conquistas e do crescimento profissional e pessoal, aos quais me dedico fielmente. Poder estar em uma instituição de ponta e participar de grandes projetos em prol da saúde pública me motiva a seguir e alcançar mais conquistas.